O Big Bang como ato do Criador

Rimberg Tavares
3 min readOct 25, 2022

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Representação artística do Big Bang. Foto: Pixabay.

Por Rimberg Tavares

É comum ouvirmos de alguns cristãos que é necessário ter muita fé para crer que uma “grande explosão”, cujo resultado lógico seria a desordem, provocou a origem do universo. Esta é uma afirmação contrária à teoria do Big Bang, defendida pelos teístas cuja impressão é de que o modelo cosmológico padrão invalida a doutrina cristã da criação. No entanto, um conhecimento mais detalhado desse modelo científico e das evidências que o sustentam demonstrará o contrário.

Até o início do século XX, grande parte dos cientistas admitiam que o universo não teve início, existindo desde sempre. O próprio Albert Einstein acreditava em um universo estático e eterno. Até que em 1915, o físico alemão publicou a teoria da relatividade geral, baseado em equações cuja solução indicava que o universo não era estático, teve um início e estaria em constante expansão. Tal descoberta foi totalmente de encontro às crenças pessoais de Einstein, levando-o a introduzir uma constante cosmológica em suas equações para que elas descrevessem um universo estático. No entanto, Georges Lemaître demonstrou a instabilidade das soluções das equações com a constante introduzida por Einstein, tal universo estático não poderia existir. Lemaître ainda sugeriu que esta teoria poderia ser comprovada através da observação dos raios cósmicos e da formação e aglomeração das galáxias.

Alister McGrath destaca que as duas maiores evidências que apoiam a teoria do big bang são as radiações cósmicas de fundo em microondas e a grande quantidade de elementos leves presentes no universo. A radiação de fundo cósmico (RFC) é uma radiação térmica advinda da origem do universo, que o preenche por completo de maneira quase uniforme. Ela foi prevista inicialmente por Alpher e Herman em 1948 e comprovada por Arno Penzias e Robert Wilson em 1965. Desde então, os astrônomos têm desenvolvido instrumentos de medição capazes de investigar a RFC com mais precisão, compondo mapas do espectro de temperatura cada vez mais detalhados. Tais avanços evidenciaram limites rigorosos do conteúdo, origem e história do universo. Faltaria espaço para falar sobre a abundância dos elementos leves na constituição do universo e como esse fato justifica a hipótese do Big Bang. Podemos ainda acrescentar o fato de que os parâmetros do nosso universo foram finamente ajustados para conceber a vida e possibilitar sua existência, podendo ser exemplificado pela exatidão das forças fundamentais que o constituem e as desastrosas consequências caso houvesse uma pequena variação nelas.

Embora a “ignição” que deu início ao cosmos tenha sido algo grandioso e poderoso, as evidências indicam que essa “explosão” foi cuidadosamente controlada. Em um único momento, espaço, tempo, matéria e energia vieram a existir, expandindo-se desde então sob leis físicas imutáveis, como efeito de uma “causa exterior”. A cosmologia do Big Bang trás implicações criacionistas óbvias, o universo teve um início cuidadosamente orquestrado e controlado, criando um ambiente finamente ajustado para a existência de tudo aquilo que é conhecido. O universo não teve início em si mesmo, ele aponta para uma Causa transcendente, um Design Inteligente que o projetou e executou com precisão.

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Ensaio (editado) elaborado em junho/2021 para o Curso de Pós-graduação Deus, o Cosmos e a Humanidade da Academia ABC2 — Disciplina O Universo Físico: Apontamentos para uma Teologia da Natureza, ministrada pelo professor Roberto Covolan.

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Rimberg Tavares

Engenheiro. Especialista em Ciências Contemporâneas e Teologia Cristã.